Retrogredindo

domingo, 1 de setembro de 2013 0 comentários

O homem do futuro não conhece morros.
Morros não eram úteis, foi lá e planificou tudo.
O pobre homem do futuro não conhece matas.
Matas nunca serviram. A não ser para queimadas.

O homem triste do futuro não conhece os rios.
Quando viu que atravessavam seus projetos, drenou tudo.
Tratou com produtos quimicos, e guardou em reservatórios.

O homem miserável do futuro desconhece a fauna.
Não fazia parte dos planos:  ‘‘Levem todos nas gaiolas!’’
Pobre homem, miserável e triste, do futuro!
Só conhece concreto, aço e vidro. E assim passa a vida construindo muros.

O homem que no futuro não pode, sequer, se olhar no espelho.
Doente, fraco e vulnerável a tudo! Vive dentro de uma proteção que criou.
Costumam chamá-la, por lá, de “novo mundo”.

Não consegue ver seu reflexo no espelho,
Pois os raios ultra-violeta o deixaram quase cego.
Mesmo assim persegue, aos tropeços, o ‘‘progresso’’!
“Custe o que custar!” “Não temos mais vagas no cemitérios.”

Pobre, triste e miserável, o homem do futuro morre aos trinta e seis.
“Um avanço da ciência! Três anos atrás era aos dezesseis.”
Hospital virou oficina. “Conserto de carcaças com lubrificação de graça!”
O mundo virou nada! Cadê o homem de outrora?
 “Que é isso, meu senhor? Tá precisando trocar de memória..”

0 comentários:

Postar um comentário

Gostou? Comente e compartilhe com alguém!

 

©Copyright 2011 Coloquialmente Culto | TNB